警訊129期 Revista da P.S.P. 129

49 ansiedade aumentaram 25,6% e os que terem ideia de se suicidar, tentativas de suicídio e comportamentos auto-lesivos aumentaram, respectivamente, 10,81%, 4,68% e 9,63%. Uma meta-análise de 71 estudos realizados em países do Leste Asiático, nos Estados Unidos e em alguns países europeus apontou que, durante a epidemia, as proporções de sintomas de stress pós-traumático e distúrbios do sono na população atingiram a 16,7% e 30,3%; por outro lado, registaram-se também aumento significativo na incidência de problemas comportamentais como o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, o abuso de substâncias e a violência doméstica, sendo os números mais graves tanto nos casos confirmados quanto nos suspeitos. Podemos dizer que o impacto da epidemia na saúde mental é colectivo, pois, sob o mesmo meio social, todos têm a oportunidade de aparecer diferentes graus de sofrimento mental. Por tanto, as questões que devemos invest igar urgentemente são: 1) Qual o impacto em termos físico, psicológico e nos vários níveis da sociedade em relação aos problemas de saúde mental causados pela epidemia? 2) Na era pós- epidemia, esse impacto se irá dissipar ou continuar? 3) Se o impacto persistir, há alguma maneira de acelerar a recuperação psicológica e sair desse ambiente? Para responder adequadamente às questões acima referidas, precisamos de recorrer à explicação do modelo de stress. Sob a influência dos meios de comunicação, as pessoas modernas estão familiarizadas com o termo stress, que é geralmente entendido como negat ivo e prejudicial . Mas, de facto, do ponto de vista biológico, o stress é apenas uma série de reacções activadas pelos indivíduos em resposta a ameaças externas ou internas, e é um método de enfrentamento para ajudar o corpo a retornar ao seu nível adaptativo. Mais precisamente, quando uma pessoa se encontre em perigo, o sistema hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA axis) do corpo é imediatamente activado, o sinal de perigo convertese em informação sensorial e é enviado para a glândula pituitária através do hipotálamo, a glândula pituitária é o centro da hormona do corpo todo, a hormona adrenocorticotrófica (ACTH) segregada pela glândula pituitária estimula diretamente o córtex adrenal, que por sua vez, produz a hormona do stress mais importante – cortisol adrenal (cortisol). O cor t isol adrenal est imula o sistema nervoso simpático e inibe o sistema nervoso parassimpático, aumentando instantaneamente a concentração, a capacidade cognitiva, o estado de alerta e a força física das pessoas, e pode mobilizar uma grande quantidade de recursos corporais para realizar uma resposta de luta ou fuga até que a ameaça imediata seja aliviada. Daí podemos ver que o stress não é necessariamente negativo, o stress de curto prazo pode promover a adaptação ambiental, que é um mecanismo para a sobrevivência humana. Porém, ficar num ambiente stressante por muito tempo causará um grande acúmulo de cortisol adrenal, levando à fadiga causada pelo stress, diversas doenças do sistema imunológico, doenças cardiovasculares e problemas emocionais. As preocupações, o isolamento social, o falecimento de parentes ou amigos, o desemprego ou a instabilidade financeira que a epidemia causa nos út imos anos, as intermináveis informações epidémicas e muitas inconveniência da vida são fontes de stress crónico repetitivas, estar sob este tipo de stress crónico pode ter efeitos físicos e psicológicos grandes e duradouros. O nome do livro clássico "The Body Keeps the Score" do famoso traumatologista, Bessel van der Kolk, reflecte essa realidade. Bessel van der Kolk descobriu com um grande número de experiências clínicas e estudos empíricos de que soldados que se aposentaram do campo de batalha e pessoas que sofreram traumas graves (como maustratos na infância) têm anormalidades funcionais e estruturais em seus cérebros, refletidas principalmente no declínio das conexões neurais entre o córtex préfrontal e outras áreas do cérebro, hiperatividade da amígdala que controla as emoções, e domínio excessivo da parte inferior do cérebro (tronco cerebral, diencéfalo, sistema límbico). Essas anormalidades de nervo craniano fazem com que as pessoas que estão

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